Você já ouviu falar sobre o licopeno? Sabia que essa substância está presente nos alimentos? Para conhecer um pouco mais sobre o assunto, é importante entendermos do que se trata esse composto. O licopeno é um carotenóide sem atividade pró-vitamina A, encontrado na natureza, no plasma e nos tecidos humanos. Considerado um pigmento natural lipossolúvel, é sintetizado por plantas e microrganismos, sendo responsável pela coloração de alguns alimentos. (MIRANDA, 2005; MACHADO, 2005).(MORITZ; TRAMONTE, 2006).
A composição química do licopeno é caracterizada por uma estrutura simétrica e acíclica de 40 carbonos. É o carotenóide que apresenta maior capacidade sequestrante do oxigênio singlete, o conferindo maior ação antioxidante. Seu sistema de duplas ligações conjugadas constitui o cromóforo, que é responsável pela habilidade do licopeno de absorver luz na região visível. Esse fato, fornece ao composto um poder corante que garante a coloração vermelho-alaranjada de vegetais nas quais está presente. (RODRIGUEZ -AMAYA, 2002; NIIZU, 2003). ANGUELOVA & WARTHESEN, 2000).
O licopeno age como antioxidante nas células, doando elétrons para os radicais livres de oxigênio, para que assim possam neutralizá-los antes que danifiquem o material celular, formando uma camada de proteção. Como esses radicais livres agem continuamente no organismo, o licopeno, apesar de não ser um nutriente essencial, tem papel importante na proteção de moléculas de lipídios, lipoproteínas de baixa densidade, proteínas e DNA, protegendo o organismo contra doenças. (Rev. Nutr. v.17 n.2 Campinas abr./jun. 2004 - Salud pública Méx vol.52 n.3 Cuernavaca May./Jun. 2010).
Nesse sentido, uma maior ingestão de licopeno dietético tem grande influência no aumento do estado do licopeno sérico, auxiliando na redução dos riscos e da ocorrência de diversos tipos de cânceres, como o de esôfago, gástrico, próstata, pulmão, pâncreas, cólon, reto, cavidade oral, seio e cervical. Além disso, seu consumo também está sendo inversamente associado com o risco de infarto do miocárdio. (KRIS-ETHERTON et al., 2002) ( CLARETO, 2007). TIUZZI (2008)
O licopeno é disponível pela alimentação e fica mais ativo quando exposto ao calor. Acredita-se que esse composto funcional possa corresponder de 30% até 64% da ingestão total de carotenóides, o que equivale aproximadamente a 3,7 mg/dia. Essa substância pode ser encontrada em algumas frutas e vegetais como tomate, goiaba vermelha, melancia, mamão, pitanga, beterraba e pimentão vermelho. Dentre os citados, o tomate in natura contém uma boa quantidade de licopeno, cerca de 30 mg/kg de fruta e seu estado de maturação pode alterar a concentração do composto. (RODRIGUEZ-AMAYA, 2002; NIIZU, 2003).
A biodisponibilidade dos constituintes do alimento é um processo complexo, que envolve digestão, captação intestinal, absorção, distribuição para os tecidos e sua utilização por eles. Em relação aos licopenos, os fatores que influenciam em sua melhor absorção no organismo são: matriz alimentar (encontra-se em maiores quantidades na casca dos alimentos); tratamento térmico; sua forma isomérica favorecida pela ph ácido do estômago; quantidade e tipo de gordura dietética ingerida em conjunto ao alimento rico em licopeno; interações entre outros carotenóides; presença de fibra alimentar e processamento de alimentos fontes. BRAMLEY, 2000; MORITZ & TRAMONTE, 2006; CLARETO, 2007).
Diante do exposto, destaca-se assim o papel fundamental do licopeno na saúde humana, principalmente em razão do seu alto poder antioxidante. Sendo capaz de contribuir na redução do risco do desenvolvimento de doenças cardíacas, crônicas e cânceres. Para garantir seus benefícios é necessário então que se tenha uma alimentação adequada e equilibrada, rica em produtos fontes de licopeno e considerando todos os fatores que potencializam a sua biodisponibilidade. Que tal inseri-los em sua rotina?
Referências
ANGUELOVA, T.; WARTHESEN, J. Degradation of lycopene, α-carotene, and β-carotene during lipid peroxidation. Journal of Food Science, v.65, n.1, p.71-75, 2000.
CLARETO, S. S. Estudo da concentração de licopeno da polpa de goiaba utilizando o processo de microfiltração. 2007. 173f. Dissertação (Doutorado em Tecnologia de Alimentos). Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, 2007.
KRIS-ETHERTON, P.M. et al. Bioactive compounds in foods: their role in the prevention of cardiovascular disease and cancer. Americal Journal of Medicine. v. 113, n. 9B, p. 71S-88S, 2002.
MACHADO, C. X. Tomate – o papel do licopeno na proteção antioxidante. 2005. 13f. Monografia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005.
MIRANDA, K. F. Estudo da concentração de licopeno por ultrafiltração a partir de suco de melancia (Citrullus vulgaris Schard). 2005. 175f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, 2005.
Modulação do Licopeno mediada de 7,12 dimethlybenz antraceno (A) clastogenicidade hepática induzida em camundongos machos, Nutr. Hosp. v.25 n.2 Madrid mar.-abr. 2010.
MORITZ, B.; TRAMONTE, V. L. C. Biodisponibilidade de Licopeno. Revista de Nutrição, v.19, n. 2, p. 265-273, 2006.
NIIZU, P. Y. Fontes de carotenóides importantes para a saúde humana.
2003. 87f. Dissertação (Mestrado em Ciência e tecnologia de Alimentos). Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, 2003.
PEREIRA, C. A. M.et al./Revista Eletrônica de Farmácia Vol 6(2), 36- 61, 2009.
Rev. Nutr. v.17 n.2 Campinas abr./jun. 2004
RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. Brazil: a bounty of carotenoid source. Sight and life newsletter, v.4, p.3-9, 2002.
Salud pública Méx vol.52 n.3 Cuernavaca May./Jun. 2010
TIUZZI, M. Licopeno e câncer: bases biomoleculares. 2008. 27f. Monografia (Pós Graduação em Nutrição Clinica). Ganep, 2008.
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