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Marcelo da Silva Reis

A rainha das frutas: você conhece o Mangostim?

Continuando o nosso “tour” pela Ásia, essa semana o avião do Descascando a Ciência tem como destino o sudeste asiático, e  vamos falar sobre o mangostim, uma fruta muito apreciada por países como a Tailândia, Indonésia, Malásia. Essa fruta além de muito rica nutricionalmente recebe um título de “rainha das frutas”! Você imagina o porquê disso? Ficou curioso? Então vem descascar a ciência com a gente!

 

Conhecendo o mangostim


De nome científico Garcinia mangostana L. o mangostim, ou também chamado mangostão, é uma fruta considerada exótica aqui no Brasil sendo mais popularmente conhecida e apreciada em sua região de origem, o arquipélago Malaio, região do trópico asiático. Essa região apresenta temperaturas e umidade elevadas, que são essenciais para o bom desenvolvimento do fruto, em razão disso, aqui no Brasil os locais de cultivo mais evidentes são nos Estados do Pará e da Bahia e, em pequena escala, no Espírito Santo e São Paulo, regiões com condições semelhantemente favoráveis.


Uma curiosidade botânica é que não existem variedades de mangostim, uma vez que a reprodução se dá por apomixia, ou seja, a formação do fruto sem fecundação, assim, as plantas são invariavelmente femininas e, portanto, a reprodução por semente funciona como um processo de clonagem.


Sobre a sua aparência, os frutos possuem coloração púrpura-avermelhado bastante chamativa e que contrasta com sua polpa branca, suculenta e saborosa.

 

Importância sociocultural para o Sudeste Asiático e usos culinários


Referente aos seus aspectos socioculturais, o mangostim carrega um profundo significado cultural e histórico para os povos do Sudeste Asiático. Na Tailândia, por exemplo, o fruto é considerado um símbolo de riqueza e de status, sendo muitas vezes oferecido como presente nobre em ocasiões especiais, como celebrações religiosas e até mesmo casamentos tradicionais.


Em outros países do Sudeste Asiático, como Indonésia, Malásia e as Filipinas, o mangostin também ocupa um lugar de destaque na cultura, já que marca presença em diversas preparações culinárias e é amplamente difundido na medicina tradicional desses povos, bem como,  aparece em lendas e mitos, nos quais é considerado um fruto sagrado e associado a poderes curativos.


Partindo para a importância econômica, a produção dessa fruta gera empregos e renda para milhares de famílias, o que contribui para o desenvolvimento econômico dos produtores locais. A exportação tem se mostrado uma atividade promissora, contribuindo, inclusive, para a popularização da fruta no mercado internacional. Somada a isso, a crescente demanda por frutas exóticas e com propriedades nutricionais evidentes é responsável por abrir novas oportunidades de negócios para os produtores e exportadores.


Já quanto ao seu uso na alimentação, a polpa suculenta e saborosa do mangostim pode ser utilizada em diversas preparações, seja na forma in natura ou em receitas mais elaboradas, estando presentes em sucos e batidas cremosas, sobremesas delicadas, compotas e geleias e até mesmo em pratos salgados.

 

Por que a fruta é conhecida como a "rainha das frutas" na sabedoria popular?


O mangostim é considerado a fruta mais famosa e mais saborosa do trópico asiático e, de acordo com a história, a rainha Vitória, da Inglaterra, ao provar da fruta, disse não haver saboreado antes nenhuma fruta tão deliciosa. A combinação de sua cor chamativa com seus inigualáveis sabor e aroma renderam ao mangostim o título de “rainha das frutas” , o que explica a sua popularidade e também o seu custo elevado em países que importam o fruto.


Apesar de popular pela sua aparência e sabor, engana-se quem pensa que o mangostim é apenas uma fruta saborosa; na verdade, também é um alimento  muito rico nutricionalmente, pois apresenta em sua matriz alimentar nutrientes e compostos bioativos muito interessantes pensando em saúde, qualidade de vida e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis.

 

Benefícios nutricionais com base na literatura científica


A rainha das frutas apresenta em sua composição vitaminas do complexo B, como tiamina, niacina e folato, que são importantes co-fatores para a produção de energia nas células e também para a saúde do cérebro. Além da presença de minerais como cobre, manganês, magnésio e potássio; o potássio, em especial, é um mineral importante quando se relaciona a manutenção da boa saúde cardiovascular, visto que é um adjuvante para a diminuição da pressão arterial nos vasos sanguíneos.


Além desses nutrientes, o fruto  apresenta, principalmente na composição da casca - que compreende as regiões do epicarpo e mesocarpo e representa mais de 70% da massa do fruto - pelo menos oito tipos de xantonas; isso tem despertado grande interesse da indústria de alimentos e de fármacos. As xantonas são um grupo de substâncias  reconhecidas na literatura científica pelo seu poder antioxidante; dentre estas, a principal molécula bioativa encontrada no mangostim é a α-mangostina. Essa ação antioxidante tem importância no papel de neutralizar os radicais livres produzidos pelo nosso organismo, isso diminui o estresse oxidativo das células, e acaba desempenhando um papel protetor significativo.

 

Usos na indústria farmacêutica e de suplementos nutricionais 


Por esses mesmos componentes e propriedades de interesse o seu uso na indústria tem sido cada vez mais presente, principalmente para a produção de fármacos com atividade anti-infecciosa para enfermidades dermatológicas, dores abdominais, diarreias, disenterias, úlceras crônicas, e na cicatrização de feridas. Além disso, atualmente, o extrato do fruto é comercializado como alimento ou bebida, e até mesmo utilizado como suplemento antidiabético, por promover uma ação de estabilizar os níveis de glicose no sangue e se popularizando com um adjuvante no manejo dessa comorbidade.

 

E aí? Gostou de conhecer um pouco mais sobre essa fruta tão diferente? Ficou com vontade de experimentar? Compartilhe esse conhecimento com um amigo! Até a próxima viagem :)

 

Referências


CARVALHO, José Edmar Urano. Mangostanzeiro: botânica, propagação, cultivo e utilização. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 36, n. 1, p. 148-155, Março 2014

 

CASTRO, Maria Fernanda Pontes Penteado Moretzsohn et al.  Tecnologias pós-colheita para conservação do mangostim (Garcinia mangostana L.). Food Sci. Technol 32 (4), Dez 2012.

 

Fruta exótica: Conheça o mangostin. Centrais de Abastecimento do Espírito Santo, S.A. (CEASA-ES), 12 de Ago 2015. Disponível em: <https://ceasa.es.gov.br/fruta-exotica-conheca-o-mangostin>. Acesso em: 02 de Set 2024.

 

Mangostão: a rainha das frutas. Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, 06 de Out 2017. Disponível em: <https://spdm.org.br/noticias/saude-e-bem-estar/mangostao-a-rainha-das-frutas/>. Acesso em: 04 de Set 2024.

 

PINTO, Douglas Chaves de Alcântara et al. O potencial da xantona natural α-mangostina no desenvolvimento de novos agentes anti-infecciosos: uma revisão. Quim. Nova, Vol. 46, Nº. 1, 77-94, 2023.

 

SACRAMENTO, Célio Kersul; COELHO JÚNIOR, Enio. Cultivo do mangostão na Bahia. Bahia Agríc., v.7, n.1, set. 2005.

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