Por Larissa Ruiz e Jéssica Trezza Silva de Souza
Você sabe qual é a diferença entre os alimentos diet, light e zero? Tem o costume de comprar os produtos com esses termos nos rótulos por achar que são “emagrecedores” ou até mesmo mais saudáveis? Acredita que sejam produtos destinados a pessoas diabéticas ou hipertensas? Sempre fica na dúvida quando olha para o rótulo do alimento? Então, venha conosco para entender as principais diferenças entre os produtos diet, light e zero.
É comum as pessoas associarem o termo ”diet” à ausência de açúcar e o termo “light” à um baixo conteúdo de gorduras ou calorias. Porém, não é sempre assim. Alguns acreditam que estes produtos são destinados ao emagrecimento, mas muitas vezes seu valor energético é igual ou maior do que os convencionais. A indústria tenta compensar o ingrediente que estaria em menor quantidade ao aumentar o teor de outro macronutriente, podendo ser o caso do alimento com redução de açúcar, mas com elevado teor de gordura.
Você sabia que até 1988 os alimentos diet e light não podiam ser vendidos nos supermercados brasileiros? Estes alimentos só eram vendidos em farmácias e sua venda era proibida para pessoas que não fossem diagnosticadas com problemas de saúde ou que necessitassem de dietas especiais.
Segundo a ANVISA, órgão que regulamenta a rotulagem dos alimentos, o termo “diet” é usado em produtos para fins especiais, ou seja, para pessoas com condições de saúde específicas que tenham necessidade de ingestão controlada de algum nutriente, podendo ser açúcares, gorduras, proteínas ou sódio. Já o termo “light” é usado em alimentos em que há uma redução de no mínimo 25% de algum nutriente ou do seu valor energético em relação ao produto convencional.
O termo “zero” é um sinônimo de “não contém”. Como por exemplo, “Não contém açúcar” em alimentos com no máximo 0,5g de açúcares por porção, “Não contém gorduras trans” em alimentos com no máximo 0,1g de gorduras trans por porção. Ou, ainda, “zero adição de açúcares” em alimentos que não contém açúcares adicionados. Estes critérios são estabelecidos pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC 54/2012)de rotulagem nutricional. É isso mesmo que você leu, alimento com no máximo 0,5g de açúcar por porção pode, pela legislação, apresentar por escrito no rótulo “não contém açúcar”.
Um dos ingredientes comumente reduzidos ou substituídos nos alimentos industrializados é o açúcar. O maior problema associado ao uso excessivo de açúcar é a obesidade, que pode ser considerada um fator de risco para outras doenças como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, entre outras.
Mas, você deve estar se perguntando: “O que colocam no lugar do açúcar para que o alimento ainda continue com o gosto doce?” Para isso, a indústria utiliza os edulcorantes, popularmente conhecidos como adoçantes, que podem ser descritos como substâncias diferentes dos açúcares que conferem sabor doce ao alimento, mas não fornecem caloria igual ao açúcar convencional.
Os edulcorantes permitidos por legislação podem ser divididos em: edulcorantes naturais (substâncias orgânicas encontradas na natureza, como a stévia por exemplo) e edulcorantes sintéticos ou artificiais, que são obtidos por síntese química (produzidos em laboratório, como por exemplo o aspartame).
Porém, esses edulcorantes não podem ser consumidos em excesso e, para isso existe uma legislação (RDC 18/2008) que indica seus limites máximos permitidos nos produtos e além disso, é importante sabermos a Ingestão Diária Aceitável (IDA) de cada edulcorante para que não haja risco no consumo dos mesmos.
Você sabe quem deve utilizar cada tipo de produto?
Produtos diet com isenção de açúcar podem ser consumidos por Diabéticos. Mas é importante olhar a lista de ingredientes no rótulo do produto, pois alguns ingredientes já possuem açúcares naturais dos alimentos.
Os Hipertensos devem estar atentos à quantidade de sódio presente no produto. O sódio também pode estar presente em alguns outros ingredientes e aditivos, como os adoçantes a base de sais de sódio (ciclamato de sódio) e os realçadores de sabor como o glutamato de monossódico.
Indivíduos com dislipidemias devem estar atentos ao teor de gordura, em especial de gordura saturadas e trans. E pessoas com Triglicérides Alto devem preferir alimentos reduzidos em gorduras e açúcares. Os alimentos diet e light podem ser utilizados para os dois grupos de indivíduos.
É importante ressaltar que pessoas com problemas de saúde, como os descritos no texto, devem procurar um acompanhamento nutricional adequado. E, independentemente da condição de saúde da pessoa, sempre deve-se observar os ingredientes contidos no rótulo para entender a sua composição, buscando evitar o consumo de alimentos industrializados e priorizando os alimentos in natura.
Referências
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil. IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro, 2011. 150 p.
CANCIAN, NATÁLIA. Estudos ligam consumo de alimentos ultra processados à alta de obesidade. Folha de São Paulo, São Paulo, 12 de agosto de 2017. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2017/08/1909330-estudos-ligam-consumo-de-alimentos-ultraprocessados-a-alta-de-obesidade.shtml>. Acesso em: 07 de agosto de 2020.
PRODUTOS Diet e Light – Parte II – Produtos Light. INMETRO, Informação ao Consumidor, 2004. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/prodLightDiet2.asp>. Acesso em: 07 de agosto de 2020.
LOHN, S. K.; ESKELSEN, M. W.; RAMOS, R. J. Avaliação do conhecimento sobre produtos diet e light por funcionários e universitários de instituição de ensino superior. Higiene Alimentar, v. 31, n. 264/265, p. 30-37, 2017.
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