Carotenoides na Alimentação
- Polyanna Oliveira
- 28 de abr. de 2024
- 4 min de leitura

Você já ouviu falar sobre os carotenóides? Sabia que eles podem estar mais presentes em sua alimentação do que você imagina?
Os carotenoides são pigmentos naturais sintetizados por plantas e microrganismos, sendo um componente essencial nos alimentos. Eles são responsáveis pela coloração amarelada, alaranjada e avermelhada nos alimentos. Devido a isso, uma das principais aplicações na indústria alimentícia é como corantes alimentícios e no enriquecimento de alimentos. Além disso, também são conhecidos pela sua atividade pró-vitamina A, e antioxidante que resulta em funções benéficas à saúde.(MELFA, 2010)
Contudo, nosso organismo não é capaz de sintetizar os carotenóides e por isso devemos obtê-los pela alimentação. Assim, é possível obter a vitamina A. Um exemplo é ingerir alimentos ricos em betacaroteno, assim o organismo, por conversão, produz a vitamina A, que é absorvida pelo nosso organismo. (FONTANA et al, 2000, p. 40)

CLASSIFICAÇÃO E FONTE DE OBTENÇÃO
Existem diversos tipos de carotenoides nos alimentos e devido a isso, tornou-se necessário sua diferenciação. Os carotenoides podem ser classificados em dois grandes grupos, como: Pró-vitamina A e inativos. Os pró-vitamina A são carotenoides que são convertidos no fígado em Vitamina A. Existem alguns tipos de carotenoides com essa atividade, como o α-caroteno (cenoura, batata, ervilha, espinafre) e o β-caroteno (cenoura, rúcula, abóbora, beterraba, mamão). Já os carotenoides inativos não sofrem conversão. Contudo, devido a capacidade sequestradora de radicais livres, ainda apresentam atividade antioxidante ou corantes. O exemplo mais comum para esse tipo de carotenóide e que muito provavelmente você já consumiu é o licopeno, encontrado em grande quantidade no tomate e na melancia. (MORAIS, 2006)
Em relação a sua composição química, os carotenóides são substâncias isoprenóides, formadas por oito unidades de isopreno; a ligação isoprênica é invertida na parte central da molécula de forma que os dois grupos metílicos ficam separados por três carbonos. (LEHNINGER; NELSON; COX, 2000)

CONVERSÃO EM VITAMINA A
A conversão no organismo dos seres humanos se dá pela ingestão de alguns carotenoides pró-vitamina A como por exemplo betacaroteno. Já se sabe que as formas mais ativas da vitamina A são o retinol, retinal e ácido retinóico.
O retinol (vitamina A) vai ser convertido em retinal através da ação de uma enzima conhecida como retinol dioxigenase e o retinal poderá ser convertido em ácido retinóico ou retinol pelas enzimas retinal oxigenase e retinol dioxigenase, respectivamente. (MORAIS, 2006)
O retinol é responsável pelo transporte e armazenamento da vitamina e o retinal no ciclo visual, sendo ambos, na função reprodutora.O ácido retinóico possui atividade parcial de vitamina A, não atuando na visão e nem na reprodução. Ele tem a função quimiopreventiva sobre a expressão de genes envolvidos com a diferenciação e proliferação celular. Além disso, vale ressaltar que a vitamina A ficou conhecida como retinol em referência a sua função específica na retina.
Ademais, no organismo, a vitamina A vai desempenhar diversas funções sendo estas: Formação de pigmentos fotossensíveis da retina (rodopsina); Reprodução, crescimento e desenvolvimento fetal; Proliferação celular; Diferenciação celular; Integridade do sistema imune. (WEEL,2000)

PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES
As propriedades antioxidantes de alguns carotenóides estão ligadas a sua atividade pró- vitamina A como por exemplo o beta-caroteno, através da sua conversão. Já em carotenoides inativos, que não possuem atividades pró-vitamina A, como o licopeno, sua propriedade antioxidante está ligada à proteção que exerce nas células do nosso organismo, protegendo contra os efeitos nocivos do excesso de radicais livres. Essas atividades antioxidantes que se obtém dos carotenoides é um grande agente contra o processo de oxidação das células. Estudos têm mostrado que o processo de oxidação das células pode ser considerado uma das causas de doenças como Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla e catarata, que são doenças comuns em idosos. (A.L.A. FERREIRA, L.S. MATSUBARA, 2000)

BIOTECNOLOGIA E INOVAÇÕES
Inovações e melhoramento genético têm se tornado cada vez mais recorrentes neste século. Nessa perspectiva, pesquisadores do ramo agropecuário têm fomentado esse campo de pesquisa. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), desenvolveu variedades de melancias menores (de 2 kg a 4 kg), com alto teor de açúcares e carotenóides.
Embora apresentem o mesmo sabor, do ponto de vista nutricional, as cultivares de polpa vermelha e amarela apresentam uma considerável diferença. As vermelhas são ricas em licopeno e as amarelas/laranjas são ricas em caroteno, que são pigmentos que têm função antioxidante, capazes de reduzir os efeitos do envelhecimento, neutralizando a ação dos radicais livres no corpo e além disso, têm um papel importante na função imunológica. (BRASIL, 2005).
Além disso, têm surgido inovações na área da saúde relacionadas à ação dos carotenóides sobre algumas doenças.
Pesquisadores têm discutido as possibilidades de proteção contra o desenvolvimento do câncer, proporcionadas por carotenóides provenientes da alimentação. Os carotenoides têm demonstrado uma ação protetora contra a carcinogênese, tanto em estudos in vitro como in vivo, com animais e humanos. Uma alimentação rica em carotenoides têm demonstrado forte associação e, em alguns casos, eficácia na proteção orgânica contra a carcinogênese. (GOMES, 2007)
Devido a isso, é evidente o papel fundamental dos carotenoides na saúde humana, tornando-se um grande e essencial aliado na alimentação diária do ser humano e no combate de doenças, como: câncer, parkinson, alzheimer, esclerose múltipla e catarata. Contudo, cabe ressaltar, que para se obter os melhores benefícios através da alimentação é necessário ter uma dieta equilibrada e consultar um profissional adequado, caso necessário.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa pesquisa variedades de melancia mais doces e com diferentes cores de polpa. Fonte: EMBRAPA. Notícia: 07/06/2005. Disponível em: http://www21. sede.embrapa.br/noticías/banco de_ noticías/2005
DA SILVA, A. M.; SCHNEIDER, V. C.; PEREIRA, C. A. M. Propriedade Químicas e Farmacológicas do Licopeno. Revista Eletrônica de Farmácia, Goiânia, v. 6, n. 2, 2009. DOI: 10.5216/ref.v6i2.6546. Disponível em: https://revistas.ufg.br/REF/article/view/6546. Acesso em: 21 jul. 2023.
FERREIRA, A.L.A.; MATSUBARA, L.S. Radicais livres: conceitos, doenças relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo.Universidade Estadual Paulista, Departamento de Clínica Médica , Botucatu, São Paulo, Brazil.
GOMES, Fábio. Carotenóides: uma possível proteção contra o desenvolvimento de câncer. Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer, Coordenação de Prevenção e Vigilância, Área de Alimentação, Nutrição e Câncer. R. dos Inválidos, 212, 4º andar, Centro, 20231-048, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
MELFA, Gabriel. Carotenóides em Alimentos. Fundação Educacional do Município de Assis - FEMA , Assis, 2010.
MORAIS, Flávia Luisa de. Carotenóides: características biológicas e químicas. 2006. 70 f. Monografia (Especialização em Qualidade em Alimentos)-Universidade de Brasília, Brasília, 2006.
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