Estrela do Mar
- Stephanie Santos de Oliveira
- há 5 horas
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Um animal marinho com formato de estrela, pele áspera e coberta por placas calcárias, que se move lentamente pelo fundo do mar usando “pés tubulares” e, ainda assim, pode ser servido como uma iguaria culinária. Trata-se da estrela-do-mar, um equinodermo fascinante que chama atenção não só pela sua simetria radial e pelo sistema de locomoção, mas também pelo seu potencial gastronômico como alimento exótico. Ficou curioso(a)? Venha descascar a ciência com a gente!
Conhecendo as características da estrela-do mar;

A estrela-do-mar, é um invertebrado marinho pertencente ao filo dos equinodermos, que pode ser encontrado nos oceanos e é conhecido por sua forma peculiar. Seu corpo é formado por braços que contêm estruturas internas essenciais para seu funcionamento. As glândulas digestivas são responsáveis por liberar enzimas que atuam na digestão dos alimentos. Em cada braço também ficam localizadas as gônadas, que são os órgãos reprodutores. As ampolas fazem parte do sistema ambulacral e são responsáveis por movimentar os pés ambulacrais, estruturas em forma de tubo que funcionam com pressão de água, ajudando tanto na locomoção quanto na alimentação, formando o sistema hidrovascular. Externamente, os espinhos compõem o esqueleto calcário e possuem função de proteção. Tudo isso mostra que, apesar de ser um animal invertebrado, a estrela-do-mar tem um corpo bem adaptado para viver no ambiente marinho, com características peculiares para sua sobrevivência.
Onde e como são consumidas?

Embora seja mais associada à vida marinha e ao turismo ecológico, em algumas partes da Ásia, especialmente na China, a estrela-do-mar aparece como uma iguaria exótica em mercados de rua. Em um mercado bem popular em Pequim, o Wangfujing Snack Street, por exemplo, é comum encontrar esse animal frito e servido em palitos, sendo uma curiosidade para turistas que querem tentar algo fora do comum. Em Bangkok, na Tailândia, também é possível ver a estrela-do-mar sendo vendida como parte da culinária voltada ao turismo, principalmente para indivíduos que buscam experimentar pratos incomuns.
Normalmente consumida frita ou grelhada, a estrela-do-mar possui uma parte comestível interna, de textura pastosa e sabor intenso, descrito por alguns como semelhante ao do ouriço-do-mar. Algumas pessoas dizem que o sabor lembra fígado ou frutos-do-mar com sabor forte e amargo. Isso acontece porque mesmo depois de preparada, ela ainda mantém alguns órgãos e líquidos internos, o que influencia bastante no paladar. Dessa forma, o sabor nem sempre agrada, especialmente para quem não está acostumado com esse tipo de alimento.
O costume de consumir estrela-do-mar como alimento surgiu em comunidades litorâneas da Ásia, com destaque para países como China e regiões da Micronésia. Apesar da ausência de registros exatos sobre sua origem, acredita-se que esse hábito tenha começado há vários séculos, conforme essas populações passaram a utilizar de forma mais ampla os recursos oferecidos pelo mar. Inicialmente, a coleta era feita de forma simples por pescadores e moradores locais, que valorizam o sabor diferente e a textura singular do animal. Com o tempo, esse tipo de preparo foi ganhando espaço em mercados e estabelecimentos gastronômicos regionais, na China e Tailândia, onde se consolidou como uma iguaria curiosa e atrativa para visitantes e moradores.
E sobre a toxicidade?
Apesar de despertar a curiosidade, o consumo de estrela-do-mar como alimento pode trazer riscos à saúde, principalmente por causa de toxinas presentes em algumas espécies. Certos tipos produzem substâncias altamente tóxicas, como a tetradotoxina, a mesma encontrada no baiacu, que pode causar efeitos graves e até fatais mesmo em doses muito pequenas. Entre as espécies mais associadas à toxicidade estão a Acanthaster planci (estrela-do-mar-coroa-de-espinhos) e algumas do gênero Protoreaster, exigindo atenção redobrada quanto à identificação antes do consumo.
Além disso, outro ponto importante é que as estrelas-do-mar se alimentam de restos orgânicos, como moluscos mortos e outros organismos em decomposição no fundo do mar. Dessa forma, as mesmas podem acumular não apenas toxinas naturais, mas também bactérias, metais pesados e poluentes ambientais. Assim, se não forem corretamente higienizadas e preparadas, o que exige conhecimento técnico, já que apenas as gônadas costumam ser comestíveis, há um risco adicional de contaminação. Mesmo o preparo por fritura ou cozimento pode não ser suficiente para eliminar todos os perigos, principalmente quando a espécie não é corretamente identificada ou as partes tóxicas não são removidas de forma adequada. Por esses motivos, o consumo deve ocorrer somente em locais especializados, onde haja controle sobre a procedência e o manuseio do animal, evitando riscos de intoxicação.
Sabia que algumas estrelas-do-mar, apesar de tóxicas, podem ser consumidas com segurança e apresentar benefícios nutricionais?
A estrela-do-mar apresenta uma composição nutricional rica, com destaque para o seu teor proteico que varia entre 15 g e 22 g de proteína por 100 g de carne, valor comparável ao de muitos peixes. Contém vitaminas A e do complexo B, importantes para a visão, para o sistema imunológico e funcionamento neurológico. Em relação às gorduras, a estrela-do-mar possui cerca de 3 g de lipídios por 100 g, incluindo ômega-3, conhecido por seus efeitos positivos sobre a saúde cardiovascular e sua ação anti-inflamatória. Também é fonte de minerais, como cálcio (100 a 400 mg/100 g), zinco (1 a 2 mg/100 g) e ferro (1 a 1,5 mg/100 g), que atuam na formação dos ossos, no transporte de oxigênio pelo sangue e no fortalecimento do sistema imunológico.
Além do consumo direto, na medicina tradicional chinesa, a estrela-do-mar é utilizada em forma de chá. O extrato da estrela contém saponinas A, B e mucopolissacarídeos ácidos, com efeitos benéficos para o sistema nervoso, alívio de dores estomacais, refluxo e diarreias. Apesar de pouco comum na alimentação ocidental, a estrela-do-mar tem despertado interesse por seu potencial nutricional e medicinal, especialmente quando é bem preparada e consumida com moderação. Ainda assim, é essencial reforçar que algumas espécies contêm toxinas naturais, e por isso o consumo deve ser feito com responsabilidade, sempre com preparo adequado e orientação especializada.
Bibliografia
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