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Chá Verde: O Sinal Verde para sua Saúde

  • Mariana Viana de Souza
  • 26 de mai. de 2024
  • 4 min de leitura

O chá verde é mais do que apenas um simples chá, seu consumo faz parte de tradições antigas enraizadas em algumas culturas milenares, sobretudo na região asiática. O chá surgiu na China em 2.375 a.C., durante o império de Sheng Nung. Diz a lenda que o imperador estava deitado à sombra de um arbusto e acabou adormecendo antes de beber uma taça de água fervida. Uma brisa fez algumas folhas caírem na taça ainda quente, resultando em chá (Trevisanato, 2000). Durante séculos, o chá tem sido considerado pelos orientais uma bebida saudável, sendo a China o principal país produtor (Senger et al 2010).


O chá verde é fabricado a partir das folhas da planta Camellia sinensis, que também dá origem ao chá preto e ao chá oolong, sendo o diferencial entre eles o processamento das folhas. De acordo com Senger et al (2010), a diferença entre estes chás depende do grau de inativação das enzimas foliares durante o processamento.


O chá verde é produzido das folhas frescas da planta, após uma rápida inativação da enzima polifenol oxidase, pelo emprego de vaporização e secagem, o que mantém preservado seu teor de polifenóis e o torna mais rico em catequinas que os demais. O chá oolong ou “parcialmente oxidado” é obtido após as folhas ficarem em repouso por duas a quatro horas, sendo depois aquecidas para que o processo oxidativo seja interrompido. Já o chá preto é derivado de folhas envelhecidas pela oxidação aeróbica das catequinas, catalisada enzimaticamente.


A composição química do chá verde inclui diversas classes de compostos fenólicos ou flavonóides, tais como flavonóis e ácidos fenólicos, além de cafeína, pigmentos, carboidratos, aminoácidos e certos micronutrientes como as vitaminas B, E, C e minerais como o cálcio, magnésio, zinco, potássio e ferro. Os principais flavonóides presentes no chá verde são os monômeros de catequinas. As catequinas do chá verde incluem, por exemplo, a catequina (C), a galocatequina (GC), a epicatequina (EC), a epigalocatequina (EGC), a epicatequina galato (ECG) e a epigalocatequina galato (EGCG) (Senger et al 2010).


Segundo Musial et al 2020, a epigalocatequina (EGCG) é até agora o derivado de catequina mais bem estudado. A quantidade de catequinas no chá verde depende principalmente de sua variedade, do método de seu cultivo e processamento de folhas, bem como do tempo e temperatura de preparo. Estudos indicam efeitos antitumorais, antioxidantes, anti-inflamatórios, antimicrobianos, antivirais, antidiabéticos, antiobesidade e hipotensores destes compostos .


A atividade antioxidante das catequinas pode prevenir a citotoxicidade induzida pelo estresse oxidativo em diferentes tecidos, pois possui ação quelante de metais de transição como o ferro e o cobre, impedindo assim a formação de espécies reativas de oxigênio, além de ação inibidora de lipoperoxidação (Senger et al 2010).


O controle das catequinas sob o estresse nitro oxidativo intracelular é o principal responsável pelas suas propriedades anticancerígenas. Muitos estudos foram conduzidos para confirmar a indução de apoptose e parada do ciclo celular por EGCG. Acredita-se que o principal mecanismo antitumoral do EGCG seja a inibição das metaloproteinases (Musial et al 2020).


A obesidade atualmente é um problema de saúde pública bastante prevalente na sociedade ocidental e pode representar um risco elevado para outras doenças crônicas não transmissíveis. Uma característica comum na maioria dos indivíduos obesos é a resistência à insulina, que promove um risco cardiovascular aumentado devido a produção aumentada de lipoproteína de muita baixa densidade (VLDL e LDL). Estudos mostram que a EGCG pode desempenhar um papel importante na redução e manutenção do peso corporal através da regulação exercida sobre algumas enzimas relacionadas ao anabolismo e catabolismo lipídico, como a acetil CoA carboxilase, Ag sintetase, lipase pancreática, lipase gástrica e lipooxigenase (Lin, 2006).


Algumas pesquisas com o chá verde apontam de forma crescente seu efeito restaurador de estados patológicos e, por tratar-se de uma bebida amplamente disponível e de baixo custo, torna-se viável o seu uso no manejo nutricional em diversas patologias como um importante coadjuvante. Entretanto, não se pode esperar que um único alimento ou bebida seja capaz de causar grandes impactos quando se diz respeito a saúde pública. Mesmo sendo possível observar um efeito modesto desta bebida, o chá pode ter um efeito importante sobre as causas mais prevalentes de morbidade e mortalidade das doenças crônicas não transmissíveis. É importante ressaltar que o consumo diário excessivo pode apresentar efeitos adversos à saúde, podendo levar a problemas gastrointestinais como constipação e irritação gástrica, disfunção hepática, diminuição do apetite, insônia e nervosismo. Por isso é muito importante ter cautela quanto ao seu consumo, pois ainda não existe um consenso quanto a sua dosagem e modos de administração (chá ou cápsula) seguros e eficazes.


E aí, gostou de saber um pouco mais sobre o chá verde e seus benefícios? Compartilhe com seus amigos.

  

Referências Bibliográficas 

 

Cabrera, C., Artacho, R., & Giménez, R. (2006). Beneficial effects of green tea - a review. Journal of the American College of Nutrition, 25(2), 79-99.


Khan, N., & Mukhtar, H. (2007). Tea polyphenols for health promotion. Life sciences, 81(7), 519-533.


Lin JK, Lin-Shiau SY. Mechanismis of hypolipidemic and anti-obesity effects of tea and tea polyphenols. Mol Nutr Food Res. 2006;50:211-7


Musial C, Kuban-Jankowska A, Gorska-Ponikowska M. Propriedades benéficas das catequinas do chá verde. Revista Internacional de Ciências Moleculares. 2020; 21(5):1744.


Senger, A. E. V. , Schwanke, C. H. A., Gottlieb, M. G.V.(2010). Green tea (Camellia sinensis) and its functionals properties on transmissible chronic diseases. Scientia Medica (Porto Alegre) 2010; volume 20, número 4, p. 292-300.


Trevisanato,S.L.;KIM, Y.I. Tea and Health. Nutrition Reviews, new York, v. 58, p. 1-10, Jan, 2000.


Yang, C. S., Zhang, J., Zhang, L., Huang, J., Wang, Y., & Mechanic, L. (2016). Tea and tea polyphenols in cancer prevention. The Journal of nutrition, 146(10), 2625S-2628S.

 
 
 

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