Colágeno: vale a pena suplementar?
- Marcelo Reis e Beatriz Marcelle
- 27 de nov. de 2022
- 4 min de leitura

Os cuidados com a estética corporal, principalmente com a pele, unha e cabelos, nunca estiveram tão em alta na nossa sociedade. A cada dia surgem novos produtos voltados a esse nicho de mercado, com propostas de garantir a sua saúde, beleza e integridade.
Dentre estes produtos, temos o colágeno que é um produto muito difundido no meio da suplementação, sobretudo para atletas, ou ao público mais geral, que se importa com o bem-estar físico. Com a promessa de combater o envelhecimento, promovendo elasticidade e firmeza da pele, crescimento dos fios de cabelo e das unhas, o colágeno está cada vez mais presente em cosméticos, como cremes faciais e shampoos, e produtos de suplementação em pó ou cápsulas.

Contudo, é necessário expandir a visão além do marketing e repensar, será que é realmente necessário suplementar colágeno? Quem se beneficia com essa suplementação? É possível encontrar colágeno na alimentação? Onde? E por fim, e não menos importante, porque não investir em uma alimentação variada e saudável antes de rever a necessidade de suplementação?
Então vamos lá, começando pelo conceito, tem-se que o colágeno representa, na verdade, um grupo de 27 proteínas isoformas - isso quer dizer que elas possuem uma estrutura muito parecida - encontradas, em abundância, por todo o corpo. Como todas as proteínas, o colágeno é composto por aminoácidos, organizados em unidades três a três, e em feixes, que dão origem à estrutura tripeptídica e helicoidal das fibras colágenas, que desempenham seus papéis nos tecidos corporais, como a pele, ossos e dentes e cartilagens.
Quanto às suas funções, o colágeno pode desempenhar diferentes, e importantes papéis no nosso organismo, como promover maior elasticidade e resistência para que os movimentos do corpo ocorram e impedir que os ossos batam uns nos outros, o que pode causar desgaste e dor. Responsável por deixar a nossa pele mais bonita, mais firme e com menos rugas já que desempenha papel de preenchimento.
Embora o colágeno tenha um papel importante, quanto mais o tempo passa, mais é degradado e, consequentemente, as linhas de expressão e a flacidez tendem a aparecer. É nesse sentido que aumentar o consumo de colágeno, via alimentação ou suplementação, parece cair como uma luva; pois, em tese, ajuda a recuperar o colágeno perdido e garante a restauração do tecido.
As principais fontes são carnes vermelhas, frango e peixe; além da gelatina (que, caso você não saiba, é produzida a partir dos ossos e cartilagem de alguns animais, como bois e porcos).
O consumidor pode encontrar o colágeno de diferentes formas. Tomando como base a suplementação via oral, os que mais se destacam são os produtos que possuem colágeno hidrolisado e peptídeos de colágeno em sua composição; a diferença entre esses dois tipos está, basicamente, no tamanho das moléculas.
Na indústria, o colágeno in natura passa por um processo de hidrólise, isto é, quebra de sua estrutura tripeptídica, dando origem a três feixes de aminoácidos; esse é conhecido como colágeno hidrolisado. Esse produto, quando adicionado de enzimas e submetido a um processo controlado, e específico de cada empresa, dá origem aos peptídeos de colágeno; moléculas bem menores e mais uniformes, o que garante que sejam absorvidas mais rapidamente do que a forma que passou apenas pela hidrólise.

Um novo mercado, de produtos vegetarianos e veganos está em expansão, e neste contexto de suplementação de colágeno, que é uma proteína exclusivamente presente em tecidos animais, pode ser uma questão. Mas os veganos e vegetarianos não precisam se desesperar! O colágeno, justamente por possuir inúmeras funções no nosso organismo, é produzido de forma endógena, isto é, nosso organismo é capaz de produzi-lo internamente, a partir dos aminoácidos - provenientes das proteínas - ingeridos via dieta.
É nesse sentido que entra o papel da nutrição adequada, já que, priorizar uma alimentação rica em vitaminas - principalmente a vitamina C - e minerais, beber quantidade adequada de água e garantir um bom aporte de proteínas, ajudam a sintetizar mais dessa estrutura tão importante. Podemos pensar, nesse caso, na máxima da nutrição, que deve ser sempre lembrada quando se pensa em incluir a suplementação na dieta: “O alimento vem antes do suplemento”.

Pensando em um indivíduo saudável, cujo organismo já apresenta quantidades suficientes de colágeno, a suplementação não é tão indicada, pois o excesso de aminoácidos eliminados pela urina. Já para indivíduos que apresentam alguma doença, caso a alimentação não seja capaz de suprir a necessidade, aí sim, pode ser interessante entrar com o uso dos suplementos. Entretanto, vale sempre ressaltar que, a consulta com um bom profissional nutricionista, no caso das dietas e suplementação, e um dermatologista, no caso da saúde da pele, é indispensável!
E na dúvida sobre suplementar ou não, foque primeiro em uma alimentação saudável, diversificada, rica em frutas e verduras. Descasque mais e desembale menos.
Referências
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