Que tal explorarmos um pouco mais sobre uma cultura diferente? No Brasil, é comum o consumo de diversas frutas como banana, maçã e uva. No entanto, você sabia que em países vizinhos as preferências e frutas populares podem ser bastante distintas? Um exemplo é a lúcuma, uma fruta muito popular no Peru, mas pouco conhecida pela maioria dos brasileiros, apesar da proximidade geográfica entre os países. O objetivo deste texto é proporcionar-lhe um maior conhecimento sobre essa fruta. Vamos explorar juntos!
O QUE É?
A lúcuma, que tem como nome científico Pouteria lucuma, é uma fruta subtropical originária da família Sapotaceae, denominada "o ouro dos incas" devido à sua coloração amarelada e sabor adocicado, frequentemente comparado ao da baunilha. Possui casca verde que, ao amadurecer, torna-se mais parda, e sua polpa é de coloração amarela. No Peru, as variedades mais comerciais são conhecidas como "Seda" e "Palo", amplamente encontradas nos mercados locais. Além de versátil na culinária, seu consumo ganhou destaque após descobertas sobre suas propriedades como alimento funcional, contendo componentes bioativos como β-carotenos, niacina, compostos fenólicos, fitoesteróis, entre outros, que conferem benefícios à saúde.
ORIGEM
A lúcuma é originária dos Andes, especificamente do Peru, Equador e Chile. Considerada sagrada pelos povos indígenas da região, era utilizada tanto como alimento quanto para fins medicinais. Acredita-se que tenha sido domesticada pelos incas, que a consideravam um presente divino. Investigação arqueológica sugere sua domesticação nos vales interandinos do Peru, onde seu consumo e uso da madeira são extensivamente documentados em representações dos nativos ameríndios. Durante a época pré-hispânica, a lúcuma era um dos principais alimentos da dieta indígena, juntamente com milho, legumes e goiaba, por exemplo. Atualmente, é cultivada em países como Bolívia, Costa Rica, Chile e Peru, onde as condições ideais incluem temperaturas entre 20 e 22 °C, ausência de geadas, solo arenoso, boa drenagem, rico em nutrientes e pH neutro. A planta também é resistente à salinidade e alcalinidade.
CONSUMO
Como mencionado anteriormente, a lúcuma possui sabor adocicado e é utilizada como adoçante natural. No Peru, as duas variedades mais comercializadas têm diferentes usos: enquanto a "Seda" é consumida fresca como fruta, a "Palo" é principalmente utilizada na indústria, não sendo ideal para consumo in natura. De janeiro a abril, a lúcuma é amplamente disponível nos mercados regionais peruanos, sendo seu sorvete tão popular quanto o sorvete de chocolate, muito consumido na região e em boa parte do mundo. Além disso, é usada em panificações, milk-shakes, bolos ou consumida com leite, destacando-se pela sua versatilidade.
COMPOSIÇÃO
A lúcuma é composta por aproximadamente 58% de água, 30% de carboidratos e entre 1,5% e 2,4% de proteínas, o que é um valor consideravelmente alto de proteínas para frutas. Apesar de ácidos graxos representarem menos de 1% do fruto, são mais abundantes comparados a muitas outras frutas, com destaque para o ácido palmítico, linoleico e oleico. Um aspecto positivo é seu teor de fibras, cerca de 1,3%, o que aumenta seu valor nutricional. Em termos de micronutrientes, as espécies variam, mas geralmente contêm vitaminas A, C, E e do complexo B, como niacina, riboflavina e tiamina.
BENEFÍCIOS
A lúcuma é rica em compostos fenólicos, incluindo flavonoides, ácido gálico e antocianidinas, que possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, protegendo contra inflamações e combatendo os radicais livres no organismo. Fitosteróis como β-sitosterol e cicloartenol, encontrados na fruta, oferecem benefícios à saúde, como a redução do colesterol e prevenção de doenças cardiovasculares. Além disso, como sua própria coloração sugere, a lúcuma contém quantidades significativas de β-carotenos, que são precursores importantes de vitamina A no organismo.
Em suma, a lúcuma é uma fruta que carrega uma riqueza histórica, cultural e nutricional, configurando-se como um verdadeiro tesouro da biodiversidade presente na região andina. Ao explorar a lúcuma, ampliamos nosso conhecimento sobre a diversidade de frutas e suas contribuições para o bem-estar, reconhecendo como cada uma pode promover uma dieta mais equilibrada e um estilo de vida mais saudável.
BIBLIOGRAFIA
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