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Yara Almeida Garcia

Medicamentos Fitoterápicos vs Plantas Medicinais


Você já ouviu falar sobre plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos? Sabe a diferença entre eles?


Os fitoterápicos são medicamentos obtidos exclusivamente de matérias-primas vegetais e comprovadamente eficazes e seguros (Badke et al., 2019). Esses medicamentos passam por um processo de industrialização a partir de plantas medicinais para se tornarem fitoterápicos. Segundo Almeida (2001), os medicamentos fitoterápicos são aqueles cuja eficácia e segurança são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, documentações tecnocientíficas ou evidências clínicas.


As plantas medicinais são espécies vegetais utilizadas para aliviar enfermidades com base no uso cultural na população, muitas vezes sendo consumidas em chás e infusões sem passarem por processos industrializados de produção. Em contrapartida, os fitoterápicos são produzidos a partir de partes de plantas com eficácia e segurança comprovadas para o tratamento de doenças específicas. Eles são submetidos a testes de qualidade e registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) antes de serem comercializados (Santos et al., 2011).


O homem primitivo era dependente da natureza para conseguir sobreviver e para se curar utilizava principalmente as plantas medicinais (Almeida, 2001). De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n°14 de 2010 da ANVISA plantas medicinais são espécies vegetais, cultivadas ou não, utilizadas com propósitos terapêuticos (Brasil, 2010).


Para utilizar de forma adequada as plantas medicinais, é imprescindível conhecer sua origem, forma de uso e quais partes da planta, como folhas, flores, sementes e raízes, possuem fins medicinais. É importante garantir a qualidade da matéria-prima vegetal para que ela possa cumprir efetivamente seus propósitos terapêuticos. O não cumprimento dessas medidas pode expor o usuário dessas plantas medicinais a graves riscos à saúde (Almeida, 2001).


Porém, o uso popular das plantas medicinais nem sempre é realizado corretamente, devido à falta de informações dos usuários sobre a indicação correta, a qualidade da matéria-prima vegetal utilizada e o preparo das formulações caseiras. Figueredo et al. (2014) apontam para a importância de se promover o uso racional das plantas medicinais, a fim de evitar riscos desnecessários à saúde dos usuários.


A utilização indiscriminada de infusões e chás em pessoas com certas doenças pode causar graves riscos à saúde, especialmente se não houver acompanhamento médico adequado. Além disso, o uso excessivo de chás e infusões associados a medicamentos pode aumentar o risco de morbimortalidade na população, devido aos efeitos adversos e toxicidade provocados pela interação desses dois produtos. É necessário ter cuidado ao utilizar esses produtos para garantir a segurança e a eficácia do tratamento (Wong, 2003).


Algumas plantas medicinais podem causar graves intoxicações se forem ingeridas em altas dosagens ou em doses prolongadas. Além disso, a qualidade das plantas medicinais pode ser influenciada pelo uso de plantas tóxicas de ação retardada e pela presença de mofo, que pode ocorrer quando o processo de secagem e armazenamento não é adequado. Portanto, é essencial que o local de armazenamento das plantas medicinais seja seguro, livre de umidade, calor excessivo e incidência de raios solares, garantindo assim sua boa qualidade para uso por vários meses (Almeida, 2001).


O uso das plantas medicinais deve seguir critérios e, às vezes, seu papel é apenas complementar ao uso de medicamentos sintéticos (Figueredo et al., 2014). No entanto, muitas pessoas comercializam plantas medicinais sem respaldo científico, como destacado por França et al. (2008), que enfatizam a necessidade de capacitar profissionais para avaliar critérios essenciais no tratamento medicamentoso. Os profissionais da saúde que lidam com plantas medicinais devem levar em consideração diversos fatores que influenciam o complexo ativo dos vegetais, como os panoramas genéticos de cada indivíduo e as condições climáticas (França et al., 2008).


O estímulo ao uso de fitoterápicos objetiva prevenir, curar ou minimizar os sintomas das doenças, com um custo mais acessível à população e aos serviços públicos de saúde, comparativamente àqueles obtidos por síntese química (Toledo et al., 2003) No entanto, os fitoterápicos apresentam riscos de efeitos colaterais e intoxicação e, portanto, é crucial ter conhecimento sobre a taxonomia do material botânico que será utilizado (Maciel et al., 2002).


Por fim, a legislação dos medicamentos fitoterápicos no Brasil é altamente exigente, de acordo com as normatizações RDC 48/04 e RDC 210/03 (Brasil, 2004; Brasil, 2003). A terapêutica conhecida como Fitoterapia se caracteriza pelo uso de plantas medicinais em diversas formas farmacêuticas, englobando o uso de fitoterápicos (Badke et al., 2019). É comum a população confundir fitoterapia com o uso de plantas medicinais em chás ou outras formas sem preparo adequado, o que pode ser perigoso à saúde (Nicoletti et al., 2007).


REFERÊNCIAS


ALMEIDA, MZ. Plantas Medicinais [online]. 3rd ed. Salvador: EDUFBA, 2011, 221 p. ISBN 978- 85-232-1216-2.


BADKE, M.R. et al. Panorama brasileiro dos serviços de plantas medicinais e fitoterápicos. Rev. Enferm. UFSM, Santa Maria, v9, p. 1-19, 2019.


BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução da Diretoria Colegiada RDC 14 de 31 de Março DE 2010. Brasília: Anvisa, 2010.


BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução da Diretoria Colegiada RDC 48 de 16 de março de 2004. Brasília: Anvisa, 2004.


BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução da Diretoria Colegiada RDC 210 de 04 de agosto de 2003. Brasília: Anvisa, 2003.


FIGUEREDO, C. A. DE .; GURGEL, I. G. D.; GURGEL JUNIOR, G. D.. A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos: construção, perspectivas e desafios. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 24, n. Physis, 2014 24(2), p. 381–400, 2014.


FRANÇA, I.S.X. et al. Medicina popular: benefícios e malefícios das plantas medicinais. Revista Brasileira de Enfermagem, v.61, n.2, p. 201-8, 20.


MACIEL, M.A.M. et al. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Química Nova, v.25, n.3, p.429-38, 2002.


NICOLETTI, M.A. et al. Principais interações no uso de medicamentos fitoterápicos. Infarma, v.19, n.1, p.32-50,

2007.


SANTOS, R. L. et al.. Análise sobre a fitoterapia como prática integrativa no Sistema Único de Saúde. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 13, n. Rev. bras. plantas med., 2011 13(4), p. 486–491, 2011.


TOLEDO, A. C.; HIRATA, L. L.; BUFFON, M. C. M.; MIGUEL, M. D.; MIGUEL, O. G. Fitoterápicos: uma abordagem farmacotécnica. Revista Lecta, v. 21, n. 1/2, p. 7-13, 2003.


WONG, A. Os usos inadequados e os efeitos adversos de medicamentos na prática clínica. Jornal de Pediatria, v.79, n.5, p.378-80, 2003.

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