top of page
Mariana Viana de Souza

Pequi: o Ouro do Cerrado Brasileiro

O  pequizeiro  (Caryocar  brasiliense Camb.)  é  uma  espécie  tipicamente  brasileira, pertencente à família Caryocaraceae e também é conhecido como pequi, piqui, piquiá, piqui-do-cerrado, piquiá bravo, pequerim, amêndoa-de-espinho, grão-de-cavalo e suari (Almeida et al. , 1998; Deus, 2008 apud Santos, F.S et al 2013). A palavra pequi é de origem tupi e significa casca espinhosa conforme Almeida e Silva (1994) citado por Santos F.S (2013).


O pequi é um fruto do tipo drupa com epicarpo espesso de coloração esverdeada a tons de roxo, mesocarpo externo de cor esbranquiçada e mesocarpo interno (polpa) de cor amarela, coberta por um endocarpo espinhoso, o qual possui função de proteger a amêndoa (Gonçalves et al., 2015 apud Reis A F 2019). A amêndoa é revestida por um tegumento de coloração marrom (Lima et al., 2007 apud Reis A F 2019). A frutificação do pequi ocorre entre os meses de janeiro e março, sendo encontrado em toda a extensão do cerrado brasileiro (Leão et al.,2017 apud Reis A F 2019).


O cerrado é o segundo maior bioma nacional, localizado em quase todo o planalto central e é composto pelos estados de Maranhão, Piauí, Pará, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Tocantins.  É considerada uma das principais áreas para conservação da biodiversidade mundial e a mais rica flora dentre as savanas do mundo. Assim, a flora do cerrado possui diversas espécies frutíferas, cujos frutos se destacam por suas agradáveis peculiaridades exóticas, embora ainda sejam pouco explorados cientificamente e comercialmente (BEUCHLEA et al., 2015; RESENDE-MOREIRA et al., 2017 apud Oliveira 2017).


Apesar da significativa área geográfica onde a espécie é explorada, não existe cultivo comercial de pequizeiro e sua exploração, ainda, é puramente extrativista. Mesmo assim, gera emprego e renda no período de safra, e exerce importante papel na socioeconomia de muitas localidades de diferentes regiões do país (Rocha et al.,2008). De qualquer forma, o fruto e seus derivados são comercializados em grande escala no mercado brasileiro. Na Central de Abastecimento do Estado de Goiás (CEASA-GO), em 2005, o comércio de pequi ultrapassou a marca de 1.600 toneladas, com um valor médio de venda de R$ 468,00/ tolenada (Lima et al.,2007 apud Santos F.S 2013). 


O pequi é um fruto de elevado valor nutritivo, rico em vitamina A, vitamina E, ácidos graxos, fósforo e magnésio. É fonte de substâncias antioxidantes, de grande importância para o bom funcionamento do organismo de forma geral, como por exemplo carotenóides, compostos fenólicos e vitamina C (MENDONÇA et al., 2017 apud Oliveira et al., 2017).


O elevado teor de compostos bioativos encontrado no pequi vem apresentando um crescente interesse de consumidores e da sociedade científica, devido à grande ênfase dada à ação de compostos com atividade antioxidante contra doenças crônicas e degenerativas, incluindo o câncer. A vitamina C por exemplo é essencial para a saúde humana, ao passo que está envolvida na formação de tecido conjuntivo, anticorpos, produção de hormônios e proteção antioxidante. Outras substâncias como os compostos fenólicos e carotenóides também estão associados no potencial antioxidante protegendo dos riscos de doenças cardiovasculares e podem atuar sobre o estresse oxidativo, relacionado com diversas patologias crônico-degenerativas (PESSOA et al., 2015 apud Oliveira et al., 2017).


A polpa do pequi é utilizada na elaboração de diferentes pratos como: arroz com pequi, feijão com pequi, frango com pequi, cuscuz com pequi e o tradicional baião de três: arroz, feijão e pequi. Já a amêndoa é utilizada como ingrediente de farofas, doces, paçocas, além de ser consumida salgada como petisco.


Por se tratar de um fruto de fácil produção e com características desejáveis de sabor e valor nutritivo, o pequi pode representar uma fonte potencial na alimentação e sobrevivência de uma parcela da população brasileira (Ribeiro, 2000 apud Lima et al., 2007).  O pequi é mais do que um alimento típico do Cerrado; é uma verdadeira fonte de nutrientes e compostos bioativos que podem contribuir para a promoção da saúde e prevenção de doenças. O consumo regular de pequi pode oferecer múltiplos benefícios à saúde, destacando-se como um alimento de grande valor para as populações locais e para a ciência da nutrição.


E aí, gostou de saber um pouco mais sobre o pequi? Compartilhe com seus amigos.

 

Referências bibliográficas

 

LIMA, A. DE . et al.. Composição química e compostos bioativos presentes na polpa e na amêndoa do pequi (Caryocar brasiliense, Camb.). Revista Brasileira de Fruticultura, v. 29, n. 3, p. 695–698, 2007.


OLIVEIRA, C. F.; PINTO, E. .; REZENDE, P. . COMPOSTOS BIOATIVOS DE EXTRATOS DE PEQUI DE DIFERENTES REGIÕES DO CERRADO . ENCICLOPEDIA BIOSFERA, [S. l.], v. 14, n. 25, 2017. Disponível em: https://conhecer.org.br/ojs/index.php/biosfera/article/view/856. Acesso em: 9 ago. 2024.


SANTOS, F. S.; FERREIRA SANTOS, R.; PEREIRA DIAS, P.; ZANÃO JR, L. A.; TOMASSONI, F. A CULTURA DO PEQUI (Caryocar brasiliense Camb.). Acta Iguazu, [S. l.], v. 2, n. 3, p. 46–57, 2000. DOI: 10.48075/actaiguaz.v2i3.8620. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/actaiguazu/article/view/8620. Acesso em: 8  ago. 2024.


REIS, A. F.; SCHMIELE, M.. Características e potencialidades dos frutos do Cerrado na indústria de alimentos. Brazilian Journal of Food Technology, v. 22, p. e2017150, 2019


ROCHA, M. G. et al. Dinâmica da produção extrativista de pequi no Brasil. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO CERRADO, 9., 2008, Brasília, DF. Anais.. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2008. p. 281-283.

.

5 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page