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Pipoca: Do Milho ao Estouro

  • Adrielly Nunes Peronze
  • 27 de out. de 2024
  • 4 min de leitura

Você tem o costume de comer pipoca? Tem curiosidade de saber como funciona o seu estouro e conhecer alguns de seus benefícios à saúde? Se a sua resposta for “Sim”, então venha com a gente descascar a ciência!

 

No texto de hoje vamos falar sobre a pipoca, explicar como acontece seu estouro e os benefícios desse alimento.

 

O milho é uma das espécies agrícolas mais cultivadas e comercializadas no mundo, apresentando uma importante fonte econômica. Dentre os diversos tipos de milho, destaca-se o milho-pipoca, que é considerado a variedade de milho mais antiga. Isso porque, esse grão é oriundo do México, onde foi cultivado pelos seres humanos pela primeira vez há cerca de 9000 anos. Há uma diferença entre o milho-pipoca e o milho normal devido a capacidade do milho-pipoca de estourar.

 

Você sabe o que faz a pipoca estourar?


Quando o milho-pipoca é aquecido a uma temperatura de aproximadamente 180ºC, a água contida no grão é superaquecida e transformada em vapor. Esse vapor aumenta a pressão interna do milho levando a ruptura da casca, também chamada de pericarpo, e impulsionando o amido para a porção externa. Dessa forma o milho estoura e torna-se uma deliciosa pipoca.

 


Composição e benefícios à saúde

 

A composição do milho-pipoca pode variar tanto em função de fatores ambientais como de fatores genéticos. Isso porque, apesar de ser mais habitual o consumo de pipoca oriunda do milho amarelo, há algumas outras cores de milho-pipoca como vermelho, azul, roxo e preto, e essa diferença de coloração influencia na quantidade de alguns nutrientes mas, principalmente, na quantidade de compostos bioativos. Sendo assim, o teor de proteína pode variar de 11 a 13%, o de gordura de 2 a 4%, o de carboidratos de 64 a 68%, enquanto o teor de fibra varia de 2 a 4%.

 

Os compostos bioativos estão principalmente concentrados no pericarpo do grão e desempenham um papel importante na neutralização dos radicais livres. Esses radicais, quando em excesso, podem causar danos às células do corpo, o que está associado ao surgimento de diversas doenças crônicas, como câncer, diabetes e obesidade. A ação antioxidante desses compostos ajuda a reduzir os radicais livres e, assim, contribui para a proteção contra essas doenças.

 

O ácido ferúlico destaca-se como um dos compostos bioativos presentes na pipoca, com potencial para reduzir o estresse oxidativo, a pressão arterial, os níveis de lipídios e a aterosclerose, além de possivelmente contribuir para o aumento da produção de insulina, favorecendo um melhor controle glicêmico.

 

Um outro exemplo de compostos bioativos presentes na pipoca são as antocianinas, esses compostos bioativos são pigmentos presentes naturalmente em alguns vegetais que podem conferir a coloração do vermelho ao azul. Dessa forma, admite-se que o milho-pipoca preto possui uma maior quantidade de antocianinas do que os milhos-pipoca de outras colorações, devido a uma maior concentração desse pigmento.

 

Além disso, a pipoca vem sendo descrita como uma boa opção de lanche saudável por se tratar de um cereal integral e ser rico em fibras que estão concentradas principalmente em sua casca. As fibras correspondem a carboidratos não digeríveis mas que são fermentados no intestino grosso pelas bactérias que compõem a microbiota intestinal. Ao serem fermentadas, as fibras atuam no controle da glicemia e do colesterol, na saciedade, na motilidade intestinal e na modulação da microbiota.

 

Por fim, é válido ressaltar que apesar da pipoca ser uma ótima fonte de compostos bioativos e fibras alimentares, é preciso se atentar a forma como está sendo consumida, uma vez que geralmente é acrescida de ingredientes ricos em sódio, gorduras e/ou açúcares como  sal, óleo, bacon e leite condensado. O consumo associado a especiarias a fim de torná-la mais agradável ao paladar pode ser uma alternativa ainda mais benéfica à saúde humana.

 

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