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Kevin Costa Miranda e Rafaela Pena Santos

Probióticos, prebióticos e simbióticos - qual a diferença?

Atualizado: 16 de mai. de 2021

Por Kevin Costa Miranda e Rafaela Pena Santos


Probióticos

A curiosidade por microrganismos que tragam benefícios à saúde é originária de tempos antigos, o termo probiótico é originado de uma palavra grega “biotikos” que significa “para a vida”. Os probióticos são microrganismos vivos com capacidade de originar efeitos benéficos à saúde ao serem consumidos em quantidades adequadas. Geralmente são utilizadas como probióticos em alimentos as bactérias do gênero: Lactobacillus e Bifidobacterium, mas existem outros microrganismos também utilizados.


Para que esses probióticos desempenhem suas funções benéficas à saúde, a concentração desses deve atingir níveis adequados, regulados e seu uso em alimentos requer prévia avaliação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), segundo requisitos da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 241/2018.


As formas mais habituais de apresentação de consumo dos probióticos são a partir dos derivados lácteos, como, por exemplo, iogurtes e leites fermentados. Entre os alimentos que possuam a presença de probióticos, estão presentes:


Iogurte: sua fermentação é realizada pelas bactérias probióticas Streptococcus salivarius subsp. thermophilus e Lactobacillus delbrueckii subsp. Bulgaricus.


Leite Fermentado: produtos que podem utilizar em sua fermentação diversas bactérias láticas, isoladas ou em conjunto. Exemplos: Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei, Bifidobacterium sp., Streptococus salivarius subsp. thermophilus.


Leite Acidófilo ou Acidofilado: sua fermentação é feita exclusivamente com o probiótico Lactobacillus acidophilus, apresentando características benéficas já comprovadas.


Coalhada: em sua fabricação são utilizados cultivos individuais ou mistos de bactérias mesofílicas (bactérias que se multiplicam em faixas de temperatura de 25°C à 40°), principalmente as do gênero Lactococcus e Leuconostoc.


Kefir: é um produto oriundo de uma fermentação múltipla de cultivos ácido-láticos de grãos de Kefir, Lactobacillus kefir, espécies dos gêneros Leuconostoc, Lactococcus e Acetobacter. Os grãos de Kefir são formados por leveduras fermentadoras de lactose (Kluyveromyces marxianus) e leveduras não fermentadoras de lactose (Saccharomyces omnisporus, Saccharomyces cerevisae e Saccharomyces exiguus) e bactérias como: Lactobacillus casei, Bifidobaterium sp. e Streptococcus salivarius subsp. thermophilus.

Contudo, já existem no mercado cápsulas e sachês contendo microrganismos na forma liofilizada.



A incorporação à dieta desses alimentos pode melhorar a qualidade de vida e contribuir para a prevenção de várias doenças, alguns desses benefícios já estão documentados, enquanto outros apresentaram resultados promissores em estudos realizados em animais. Entre alguns benefícios já estudados:


Efeitos no trato gastrointestinal: Diversos fatores externos são capazes de prejudicar de alguma forma a microbiota do nosso intestino, como por exemplo, a dieta, uso de cigarro e antibióticos, stress, tratamentos quimioterápicos e o envelhecimento. Os probióticos possuem a capacidade de modular nosso trato gastrointestinal, como proteger a mucosa e a promover permeabilidade intestinal. Em relação a diarreia, os probióticos auxiliam com a produção de substâncias que inibem a atividade de microrganismos causadores de doenças, apresentando em certos casos ação bactericida;


Auxílio na regulação das cólicas abdominais;


Auxílio no tratamento de Helicobacter pylori:Auxiliam no tratamento contra Helicobacter pylori, aderindo a mucosa e produzindo substâncias bactericidas que evitam a colonização do microrganismo;


Contribuição na redução da inflamação das células estomacais;


Alívio da intolerância à lactose: Agem diminuindo a concentração de lactose em produtos fermentados, aumentando a quantidade da enzima que quebra a lactose, a lactase, e a maior atividade dessa enzima;


Elevação da absorção de minerais e na síntese de vitaminas;


Redução da constipação e cólicas infantis.



Prebióticos

Os prebióticos são substâncias alimentares não digeríveis, compostas basicamente por polissacarídeos não amido e oligossacarídeos, que possibilitam beneficamente mudanças no sistema gastrointestinal do indivíduo, estimulando seletivamente a multiplicação ou atividade de populações de bactérias desejáveis no cólon. São utilizados como ingredientes em diversos alimentos como: bolachas, cereais, chocolate, pastas e laticínios, por exemplo.


Da mesma forma que os probióticos, os prebióticos apresentam benefícios já estudados ou ainda em estudo, alguns desses são:


Absorção de cálcio, contribuindo na diminuição do risco de osteoporose;


Diminuição do risco de arteriosclerose, em função da síntese de triglicerídeos e ácidos graxos no fígado e a redução do nível desses compostos no sangue;


Modulação da composição da microbiota intestinal;


Redução nos níveis de bactérias maléficas no intestino;


Aumento da motilidade do intestino;


Contribuem na sobrevivência dos probióticos: Como os probióticos podem fermentar os prebióticos, isso contribui em sua sobrevivência no trato gastrointestinal, uma vez que a fermentação é fonte de energia, sendo uma vantagem na competição contra outros microrganismos no meio.



Simbióticos

Os simbióticos são produtos alimentares originados da combinação de probióticos e prebióticos, que atuam de forma mútua sobre a microbiota intestinal para beneficiar a saúde do indivíduo. Em sua composição podem haver algumas espécies bacterianas dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium e leveduras, como Saccharomyces boulardii, combinados a carboidratos, como inulina e fruto-oligossacarídeos. Sendo assim comercializados como iogurtes, bebidas lácteas fermentadas, suplementos alimentares, fármacos, sucos de frutas e legumes fermentados.


O consumo desses simbióticos pode resultar em efeitos benéficos para a homeostase e bom funcionamento do intestino, uma vez que são considerados componentes dietéticos funcionais capazes de estimular seletivamente a proliferação e/ou atividade microbiana no local. Isso aumenta a sobrevivência dos probióticos durante a passagem pelo trato digestivo, aumentando as chances de crescimento e colonização das bactérias probióticas no organismo humano.


Desse modo, os simbióticos auxiliam no sistema imunológico, na redução de citocinas pró-inflamatórias e infecções intestinais. Além disso, também ajudam a melhorar a absorção de nutrientes pelo intestino, aumentam a produção de vitaminas e enzimas digestivas, diminuem a quantidade de colesterol no sangue e podem ser utilizados no tratamento de diarréias.


Exemplos de alimentos simbióticos são os iogurtes, leites fermentados, kefir e biscoitos que combinam probióticos e prebióticos em quantidades satisfatórias. O iogurte, por exemplo, combina bifidobactérias com galacto-oligossacarídeos, e o Kefir, em seus grãos há interação de simbiose, uma vez que microrganismos fermentadores presentes nesse grão, são envoltos por matriz de polissacarídeos e proteínas, chamada de kefiran.


Os simbióticos, portanto, são produtos de extrema importância para o bem-estar de cada indivíduo. Sendo considerados grandes aliados na promoção da saúde, ao assegurar o equilíbrio do intestino e desempenhar papel fundamental na nutrição humana e animal, assim como na indústria alimentícia.


Referências Bibliográficas


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