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SEGURANÇA ALIMENTAR

  • Luana Ribeiro
  • 29 de mai. de 2022
  • 5 min de leitura

Você sabe o que significa alimento seguro? E segurança alimentar, já ouviu falar?


A segurança alimentar e nutricional diz respeito à garantia do acesso permanente e em quantidade suficiente à alimentação saudável para toda a população, por meio de leis, planos e estruturas que visam inibir a ocorrência da fome. Assim, com o passar dos anos, este conceito foi sendo discutido e adaptado às diferentes necessidades, visto que novas realidades foram surgindo e trazendo demandas tanto da época, quanto da população. Em escala mundial, o direito humano à alimentação adequada (DHAA), que é indispensável à sobrevivência, está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, enfatizando que é vital para a qualidade de vida e bem estar de todos. Desta forma, assegurar que todos tenham acesso a alimentos seguros e de boa qualidade depende não só de sua disponibilidade, mas também de fatores como o devido acesso, consumo, produção e utilização dos alimentos.


No entanto, para compreendermos os conceitos de segurança alimentar, é preciso entender paralelamente as diferentes faces da chamada insegurança alimentar, expressas pela restrição pontual ou continuada do consumo de alimentos, levando a repercussões no organismo, e pelo déficit na alimentação, como falta de variedade e de qualidade nutricional dos alimentos. A insegurança alimentar pode ser dividida em três graus, sendo a fome a manifestação mais grave deste problema. São eles:

  • Leve: devido a falta pontual da disponibilidade de alimentos, normalmente devido a algum fator específico;

  • Moderada: a variedade e a quantidade de alimentos disponíveis são limitados, há comprometimentos nutricionais;

  • Aguda: quando a pessoa não tem acesso permanente aos alimentos, não sendo possível realizar refeições por somente um dia ou mais.

Recentemente, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) constatou que apenas no ano de 2020, cerca de 2,3 bilhões de pessoas não tiveram acesso à alimentação adequada durante o ano todo. Além disso, este mesmo relatório apontou que até 811 milhões de pessoas, no mesmo ano, estavam em situação de vulnerabilidade alimentar aguda, levando à fome. A questão é que, a partir do momento em que há a ocorrência deste quadro, viola-se o DHAA, sendo uma consequência direta da associação de vários fatores ambientais, como mudanças climáticas, degradação dos solos, escassez hídrica, poluição, explosão demográfica, juntamente com falhas de governança, crises sanitárias e socioeconômicas. Por exemplo, um fator potencializador da insegurança alimentar é o desperdício de alimentos, que ocorre de maneira prejudicial no mundo, e poderia ser revertido de maneira a contribuir significativamente para a melhora deste problema. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, há um desperdício de alimentos que soma mais de 30% da produção mundial, ou seja, por algum motivo não chegam à mesa da população, pois de alguma forma se perdem na cadeia produtiva.


No Brasil, a principal causa da insegurança alimentar não é a falta de alimentos disponíveis, e sim a desigualdade de acesso a eles. O consumo inadequado, tanto em termos de variedade quanto de qualidade nutricional, se deve a questões financeiras, mas também pode ser em função da carência de informações seguras e indisponibilidade dos alimentos. Atualmente, um dos grandes obstáculos para assegurar tal direito tem sido a alta nos preços de mercado, interferindo diretamente nas escolhas alimentares da população. Com isso, a compra de alimentos “melhores” é comprometida, uma vez que tendem a ser mais caros e com um curto prazo de validade, sendo trocados opções mais baratas, com validade estendida, e levando a uma alimentação menos saudável. Diante dessa realidade, já foram criados diversos programas de combate à fome no país, um exemplo é o "Programa Fome Zero” criado em 2003 que visou não só o combate pontual à fome (como distribuição de refeições e alimentos), mas também meios de tratar a sua causa.


Em se tratando da relação da saúde com hábitos alimentares, manter uma alimentação saudável é extremamente benéfica, já que muitos alimentos são ricos em compostos bioativos, vitaminas e outros nutrientes que auxiliam o sistema imunológico, assim, por desempenharem papéis essenciais no nosso organismo, devem estar incluídos nas refeições cotidianas. Por exemplo, a alimentação é um dos fatores modificáveis de maior importância para diminuir, e até mesmo evitar, a ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) na população. Desta forma, a privação de alimentos envolve desde agravos mentais, até sintomas físicos que também comprometem a vida das pessoas. São diversos os problemas relacionados a falhas no sistema alimentar, incluindo principalmente piora do quadro de saúde, como anemia, desnutrição, hipovitaminoses, diabetes, hipertensão, síndromes metabólicas, entre outros.


Mediante os fatos, e considerando que vivemos em um país onde os alimentos são produzidos em quantidades suficientes para atender a todos, é preciso ponderar todas as questões envolvidas para garantir a segurança alimentar e nutricional. Uma estratégia mais acessível e que pode ser adotada e difundida, tanto a nível domiciliar quanto industrial, de forma a otimizar a oferta de nutrientes que provém da alimentação e diminuir seus gastos financeiros é o aproveitamento integral dos alimentos, pelo uso de suas partes não convencionais. No entanto, mesmo que ao longo dos anos tenham sido lançados diversos programas municipais, estaduais e setoriais de educação alimentar e combate a fome, é preciso investir em políticas que solucionem problemas relacionados a sua causa, como desemprego, pois ao invés de tentar resolver o que já acontece, é melhor evitar de fato que aconteça. Lembre-se de focar em uma alimentação saudável, descascando mais - e aproveitando quando possível estas cascas - e desembalando menos!


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